quarta-feira, 1 de junho de 2011

Duas Canoas

Desde que sugeri na semana passada que Palocci deixasse o Governo até que a poeira assentasse e que oferecesse todas as condições para que sua defesa fosse feita de forma ampla e transparente, esvaziando assim o discurso sensacionalista da oposição, tenho sido vítima de duras críticas e até de patrulha ideológica. 


Não podemos aceitar jogar o mesmo jogo da oposição, quando esta estava no poder. Se assim o fazemos, nos igualamos aos que dizíamos combater. É simples assim. Se precisamos avançar na democracia com justiça social e crescimento econônomico, não podemos aceitar que parasitas drenem parte de nossas energias e recursos, sob pena de não alcançarmos nossos objetivos.


Há 50 anos estamos discutindo as mesmas coisas: reforma agrária, reforma política, reforma do Estado... E é como se andásemos em círculos. Mais recentemente fomos seduzidos pela agenda da sustentabilidade, com o Novo Código Florestal, e com a agenda da liberdade de expressão, com o Novo Marco Regulatório das Comunicações.


Mas pergunto, como avançar signficativamente se nossos parceiros, que deveriam estar do outro lado do balcão, são nossos clientes, se aconselham conosco em consultorias milionárias? É impossível dar certo, gente! Como é que podemos mudar as leis de comunicação, por exemplo, se as empresas oligopolistas têm tentáculos dentro do Governo? Não podemos ser ingênuos.

Ou escolhemos o que queremos e partimos para a discussão política franca, transparente, deixando claro de que lado estamos, ou terá sido apenas diversionismo dos nossos representantes no poder para iludir a incauta militância. Não se trata apenas de moralismo ou discurso ético pequeno burguês.

 É questão de lado. Não dá para ter os pés nas duas canoas.