segunda-feira, 4 de abril de 2011

José Dias aponta atraso do PMDB e riscos da Copa do Mundo



O experiente deputado estadual José Dias (PMDB) admite que vai sair do partido, após uma vida partidária inteira na sigla, desde os primórdios, no MDB. Ele falou sobre o assunto ao Diário de Natal .

 
Afirma que a tendência é migrar para o PSD a ser formado no Rio Grande do Norte pelo vice-governador Robinson Faria (PMN).

 
Sobre o PMDB, o que ele enxerga é um atraso como partido, apenas apegado a cargos, ao puro fisiologismo.

 
Eu acho desenfreado, e é fácil exemplificar. Na atual gestão da presidente Dilma, ou presidenta, como ela quer, o PMDB pode até justificar que participou da campanha, que deu o vice-presidente. Mas antes aderiu. No tempo de Lula foi adesão mesmo. Aí você traz aqui para Natal, é muito fácil. Nós combatemos dona Wilma, mas houve parcelas do partido que a apoiaram. O caso da eleição da Prefeitura de Natal é bem elucidativo. Fui quase execrado por ter votado em Micarla, enquanto o partido apoiou Fátima Bezerra. Mas hoje a liderança do PMDB tem cargos e indicações na Prefeitura. É uma incoerência. São as mesmas pessoas que me condenaram.


Sobre a Copa do Mundo e a obra faraônica do estádio "Arena das Dunas", outra avaliação muito pertinente:

 
- É um processo extremamente complexo e de difícil avaliação por um político. Não tem funcionado com racionalidade. No início, houve uma distorção total da realidade. Imaginaram que naquele pedaço do Centro Administrativo iriam construir uma Dubai e todos os envolvidos iriam virar sheiks árabes. Esse sonho morreu. Mas ficou uma expectativa na opinião pública, e também no comprometimento de gastos autorizados, criando uma verdadeira obrigação, para quem veio depois, de dar um resposta positiva a essa reivindicações, sob pena de ser crucificado. Não haverá só benesses. O risco é fazer um investimento muito alto e não ter retorno.

 
E acrescenta: "O pior é dizer que sem a Copa não haverá Aeroporto de São Gonçalo, nem saneamento, nem mobilidade urbana, nem novos hotéis. A Copa vem sendo apresentada como um abre te sésamo, um golpe de mágica. E eu não acredito nesse tipo de milagre. Ocorre que esses benefícios não vieram até hoje por falta de verbas. Como é que, gastando mais dinheiro com a Copa, essas verbas vão aparecer? Mas há um problema político enorme. Como o governo atual pode pensar em trancar esse processo? Seria uma culpa eterna, o próprio pecado original. Agora é irreversível. Ao falar assim, estou consciente de que pagarei um preço. Não sou contra a Copa, sou contra o modelo imaginado. É como uma esteira que está rodando e se parar, quebra tudo. Não se pode mudar agora."